solo

Você consegue imaginar um alimento que não venha, direta ou indiretamente do solo?

É muito difícil lembrar-se de algum, mas vá que você tenha uma boa memória, então vou refazer minha pergunta:

VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR 3 ALIMENTOS QUE NÃO VENHAM DO SOLO?

Percebendo a dificuldade de responder esta pergunta, era de esperar que nós, seres humanos inteligentes, tivéssemos a maior consideração por esse agregado de partículas (o solo) que sustenta nossas vidas. Mas infelizmente não é o que ocorre.

Para evitar confusão veja algumas definições importantes sobre o solo. Abaixo, estão listados alguns exemplos destas definições segundo as diferentes áreas:

  1. Engenharia civil: material escavável, que perde sua resistência quando em contato com a água.
  2. Agronomia: camada superficial de terra arável, possuidora de vida microbiana.
  3. Arqueologia: material no qual se encontram registros de civilizações e organismos fósseis.
  4. Geologia: produto do intemperismo físico e químico das rochas.
  5. Pedologia: camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos Esta é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada na Rússia por Dokuchaiev no ano de 1880.

O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor este processo, acompanhe atentamente a seqüência abaixo:

  1. Rocha matriz exposta.
  2. Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a rocha vai esfarelando-se.
  3. Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a decompor a rocha através das substâncias produzidas.
  4. Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos.
  5. Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver.
  6. O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais.
  7. Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.
  8. O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.

Todo este processo leva muito tempo para ocorrer. Calcula-se que cada centímetro do solo se forma num intervalo de tempo de 100 a 400 anos! Os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos para tornarem-se produtivos. 

O Brasil graças ao uso de técnicas primitivas de extração das matérias-primas do solo e da vegetação vem destruindo dia a dia essa camada vital da terra.

Calcula-se que hoje, no Brasil, desaparecem cerca de cem espécies vegetais e animais por dia, em virtude dessas práticas devastadoras.

Os ecossistemas são desequilibrados pela erosão resultantes:

  1. do desnudamento da terra;
  2. pelo uso de agrotóxicos, fungicidas, herbicidas e inseticidas;
  3. pelo cansaço do solo oriundo de métodos de fertilização impróprios
  4. e pela quebra das cadeias alimentares.

A vegetação, o solo, o subsolo, água e a fauna são depredados pelo ser humano, que se torna vítima de seus próprios procedimentos.

As práticas que têm por base o entendimento segundo o qual a natureza é inesgotável, o ser humano é um mero instrumento (um objeto), o lucro imediato é o objetivo da produção e a preservação dos ecossistemas um assunto de minorias situa o ser humano em uma situação paradoxal: ele é, ao mesmo tempo, autor e vítima, sendo assassino potencial de sua própria espécie.

A superação desse entendimento deve ser implantada em níveis teórico e prático, a fim de que não aconteça, pela primeira vez na história biológica do planeta, o suicídio de um grupo zoológico.

Como forma de evitar que isso se concretisse de fato, o solo e a vegetação são protegidos por diversas leis, como:

  1. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal;
  2. Decreto nº 58.054 de 23 de março de 1966, promulgou a Convenção sobre Flora, Fauna e Belezas Cênicas dos países da América; 
  3. Decreto nº 76.623, de 17 de novembro de 1975, promulgou a Convenção de comércio de fauna e flora selvagens em perigo de extinção;
  4. Decreto nº 318, de 31 de outubro de 1991, promulgou o nosso texto da Convenção Internacional para a proteção dos vegetais.
  5. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem e rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização e propaganda comercial de agrotóxicos.
  6. Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental (APA’S);
  7. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, que regulamenta a citada lei;
  8. Decreto nº 99.355, de 27 de junho de 1990, que dá nova redação ao Decreto acima. 
  9. CONAMA, por sua Resolução nº 10, de 14 de dezembro de 1988, estabeleceu os objetivos e competência das APA’S. Entre tanta outras leis que existem maravilhosa, no papel. Apenas no papel.

Comemorar o dia do solo (3 de maio) daqui a alguns anos, mantendo essa ritmo de degradação, será comemorar o dia do pó.

Fontes: http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ecologia/robertoaguiar e http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html

0 comentários