
Você consegue imaginar um alimento que não venha, direta ou indiretamente do solo?
É muito difícil lembrar-se de algum, mas vá que você tenha uma boa memória, então vou refazer minha pergunta:
VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR 3 ALIMENTOS QUE NÃO VENHAM DO SOLO?
Percebendo a dificuldade de responder esta pergunta, era de esperar que nós, seres humanos inteligentes, tivéssemos a maior consideração por esse agregado de partículas (o solo) que sustenta nossas vidas. Mas infelizmente não é o que ocorre.
Para evitar confusão veja algumas definições importantes sobre o solo. Abaixo, estão listados alguns exemplos destas definições segundo as diferentes áreas:
- Engenharia civil: material escavável, que perde sua resistência quando em contato com a água.
- Agronomia: camada superficial de terra arável, possuidora de vida microbiana.
- Arqueologia: material no qual se encontram registros de civilizações e organismos fósseis.
- Geologia: produto do intemperismo físico e químico das rochas.
- Pedologia: camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos Esta é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada na Rússia por Dokuchaiev no ano de 1880.
O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor este processo, acompanhe atentamente a seqüência abaixo:
- Rocha matriz exposta.
- Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a rocha vai esfarelando-se.
- Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a decompor a rocha através das substâncias produzidas.
- Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos.
- Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver.
- O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais.
- Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.
- O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.
Todo este processo leva muito tempo para ocorrer. Calcula-se que cada centímetro do solo se forma num intervalo de tempo de 100 a 400 anos! Os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos para tornarem-se produtivos.
O Brasil graças ao uso de técnicas primitivas de extração das matérias-primas do solo e da vegetação vem destruindo dia a dia essa camada vital da terra.
Calcula-se que hoje, no Brasil, desaparecem cerca de cem espécies vegetais e animais por dia, em virtude dessas práticas devastadoras.
Os ecossistemas são desequilibrados pela erosão resultantes:
- do desnudamento da terra;
- pelo uso de agrotóxicos, fungicidas, herbicidas e inseticidas;
- pelo cansaço do solo oriundo de métodos de fertilização impróprios
- e pela quebra das cadeias alimentares.
A vegetação, o solo, o subsolo, água e a fauna são depredados pelo ser humano, que se torna vítima de seus próprios procedimentos.
As práticas que têm por base o entendimento segundo o qual a natureza é inesgotável, o ser humano é um mero instrumento (um objeto), o lucro imediato é o objetivo da produção e a preservação dos ecossistemas um assunto de minorias situa o ser humano em uma situação paradoxal: ele é, ao mesmo tempo, autor e vítima, sendo assassino potencial de sua própria espécie.
A superação desse entendimento deve ser implantada em níveis teórico e prático, a fim de que não aconteça, pela primeira vez na história biológica do planeta, o suicídio de um grupo zoológico.
Como forma de evitar que isso se concretisse de fato, o solo e a vegetação são protegidos por diversas leis, como:
- Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal;
- Decreto nº 58.054 de 23 de março de 1966, promulgou a Convenção sobre Flora, Fauna e Belezas Cênicas dos países da América;
- Decreto nº 76.623, de 17 de novembro de 1975, promulgou a Convenção de comércio de fauna e flora selvagens em perigo de extinção;
- Decreto nº 318, de 31 de outubro de 1991, promulgou o nosso texto da Convenção Internacional para a proteção dos vegetais.
- Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem e rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização e propaganda comercial de agrotóxicos.
- Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental (APA’S);
- Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, que regulamenta a citada lei;
- Decreto nº 99.355, de 27 de junho de 1990, que dá nova redação ao Decreto acima.
- CONAMA, por sua Resolução nº 10, de 14 de dezembro de 1988, estabeleceu os objetivos e competência das APA’S. Entre tanta outras leis que existem maravilhosa, no papel. Apenas no papel.
Comemorar o dia do solo (3 de maio) daqui a alguns anos, mantendo essa ritmo de degradação, será comemorar o dia do pó.
Fontes: http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ecologia/robertoaguiar e http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html




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